Quando alguém sai do seu país, poucas vezes o faz de animo leve. Diria até que nunca o faz de animo leve. Guerra, perseguição política, crises; económicas ou familiares, amores apaixonados.
Sair de casa implica demasiadas vezes que a casa nunca se volte. Casas não se constroem assim do dia para a noite, amigos não oferecem seus ombros do dia para a noite, e quando saímos do que conhecemos, há mais noites que dias.
Acontece-me por isso de voltar e não saber que sentir.
Há coisas que não mudam em 10 nem em 11 anos. Há coisas que deveriam mudar.
Um amigo que te acolhe como se nunca tivesse deixado de te ver diariamente. Um irmão que cresceu como trepadeira ao sol no lugar que deixaste vazio.
Há os que se regozijam com o regresso, e os que te perseguem: “não tens o direito de voltar” parece ser o texto de cada acto.
É possível saber que dizer?
O direito a existir não se aliena num avião.
O direito a uma história, a uma família não se evapora por não partir o pão de domingo de manhã.