Quem não o conhece por inteiro, não sabe que o sal tem cheiro.
A maresia, esperou a Sophia à beira mar, e as areias douradas, polvilhadas de prata, deixam as marcas da espera.
Quem o conhece sabe que tem ritmos de sabão.
Tem pele de pimento na brasa.
Tem imperial com tremoço. Bola de berlim com ucal de chocolate.
Por mais que o futuro avance, tem quadrados de melão num tupper gasto.
O calor que faz é namoradeiro, chega-se devagar ao vento, enrosca-se e estica-se para tocar umas gotinhas de chuva, molha tontos, molha lusitanos.
Há que se ser da terra para dispensar o sweater e os óculos de sol, praticar a arte de se esconder do tempo que se desfaz, atrás de uma sombra de guarda-sol.
Da delta, da pepsi, da buondi, da segaffredo.
Ou é de oferta ou é de arco-iris, desbotado de sol, de areia, de ser atirado para um porta-malas sobrecarregado, gasto dos dedos que o apertam, o acariciam o torcem.
A areia é dura e o vento é forte.
Tudo isso é verão.
O peixe fresco na brasa, a azeitona com alho, o cheiro a pantene das nove da noite.
Quem não o conhece por inteiro não sabe, mas o sal tem cheiro.
A areia molhada faz castelos melhores, e há lugares em que se deve usar sapatos de plástico, os peixe aranha doem como cabelos puxados pelos irmãos ,pelos primos, que falam francês e português e inglês à beira mar, que se entendem e desentendem como se falassem dentro das paredes caiadas de onde todos saíram.
Há ainda a bolacha americana, venda de fruta na praia. Nunca ninguém viu alguém que comesse.
Comer é importante.
Dormir ao sol um luxo.
O verão em Portugal tem tudo isto.
Tem também o céu quente de estufa, escuro de fumo, neve de fuligem.
Não tem cheiro de sal este fogo.
Tem cheiro de fim.