de outro texto
Dois irmãos: um crocodilo, um homem. Um nasceu na Escócia, outro na Bretanha. O mar de um é diferente do mar do outro. Num a água gela, noutro escalda de frio.
Warwick e o Homem-sem-nome são filhos do mesmo pai. Esse pai era uma gaivota. Voou demasiado rápido para demasiado longe, deixou suas mães com ovos por chocar. Uma pariu com dor e a outra sangrou-se sem se dar conta.
Encontraram-se uma só vez Warwick e o Homem-sem-nome. No funeral do pai.
Uma gaivota morta, pensou o Homem-sem-nome, enquanto chegava até as suas narinas um gás fétido e adocicado, quase fresco por momentos, quase doce por outros. O cheiro do mar negro, pensou. Uma gaivota morta, uma alga como mortalha. O cheiro tão forte que invadia todos os sentidos, parecia ser visível, ser palpável, ter gosto de horror, ser veludo de tristeza, ensurdecer em silêncio. Era a morte sem doença. O seu pai morrera de uma morte diferente da sua, isso era o que ela diria…
O Homem-sem-nome chegara cedo porque nunca se atrasava. Warwick chegou tarde porque nunca se apressava. O Homem-sem-nome chegou sem mais, Warwick chegou demais.