Atendia desde sempre ali. Duas salas divididas por três degraus de escada, colocados só para atrapalhar os pedidos, fazia questão de dizer a quem entrava pela porta.
Que querem?
E os clientes ainda escolhendo a mesa. Ia-se refonfunhando em voz baixa, visivelmente chateado com tais indecisões. Voltava. Chamem-me quando se decidirem! Ia-se sem deixar cardápio, nem sugestão nem sorriso.
Chamado a medo, revirava os olhos e vinha arrastando os pés. Croquetes, batata brava, cervejinha. Olhava em volta, revirando os óculos. Debruçava-se acotovelando a mesa. Olhem amigos, peçam os calamares e a cerveja a copo, fica mais económico e é mais gostoso.
Levantava-se com cara de enfado e ia-se, sem levar a perplexidade e o agradecimento.
(ex. escrevedeira. Alguém que parece uma coisa e faz outra)