Queridos, sábado de manhã, fui-me despedir da sede da Escrevedeira, lá na Isabel de Castela. Deixo os exercícios que fizemos.
Um erro gramatical, na boca de alguém que não fala errado:
” Eugénio. Não era seu nome de verdade. Era nome fictício, desejo feito palavra de uma mãe submetida à repetição. “Ela queria que eu me chamasse Eugénio, tive que ser António, como o meu pai, o meu avô.”
Escreveu desde cedo “As palavras eram casebres, eram naves, eram barcos, onde eu, sumia-me.”
O pai pressentia algo. Algo proibido. O filho poeta brincava com as palavras não com a bola, tocava flores, não seios redondinhos de meninas a desabrochar, “Tive que sair. Sair para a morte, foi assim cheguei no Porto. O norte, perdão, o norte.”
A morte de António para se fazer Eugénio?
Ri, comedido.
“Anortecido, sobrevivi.”
Conjugar adjetivos e substantivos, distribuídos aleatóriamente, sem os poder separar, escrever sobre o amor.
Brilhante Pomar
Nauseante Congestionamento
Morfético Porão
” Quando tudo é verão, é fácil pensar que maçã cresce o ano inteiro, que a pele aveludada do pêssego é sempre amarelada de sol. Quando tudo é verão, o brilhante pomar estende-se para além do corpo, ele é estrada, areia, é mar e caminho.
Mas o inverno chega, e a estrada é um carro sem ar condicionado, e o dia e a noite a continuação do mesmo nauseante congestionamento, até chegar aos dois pontos de sua suspensão: o morfético porão onde você dorme, o morfético porão onde você come pêssegos brancos feitos de água.”