Quinta. Quinta-feira. O trigo dançando no vento canicular, os badalos das vacas lentas, um extenso terminar de dia. Quinta. Dia de seminário, ah já não. Dia de outro seminário, ah já não. Análise, quinta é dia de análise. Analise-se toda a quinta! Os porcos levantam o focinho, galinhas cacarejam, os gatos, vencedores eternos, estiram-se, inconsciente de gato é sem iceberg, arranham no ódio, ronronam no amor. Gosto de gatos. Toda a quinta deveria ter um gato. Quinta-feira, digo. Quinta que é quinta tem mais de um gato. Tem gato por rato, gato por barata, nem sei se gato por degrau, há degraus mais mortíferos que a peste negra. Quinta não quer arquitecturas, deixa isso para terça. Venho pedir uma licença. Desculpe volte para a semana, aqui só cereais. Cereais. Cereais. ce re ais. Ondula como o campo de trigo, veja bem: ce re ais. Sem piada de cereal killer, ce re ais, é ancinho em terra húmida, suor doce em nucas avermelhadas, é melancia de beira de estrada, é o gato, laranja, estendido ao comprido no degrau da entrada, o primeiro, o pialinho, de mármore fresco, não escorregue, que amanhã já é sexta.