Susane Wells, vinte e dois anos, Kengsinton Road. Susane Wells, vinte e dois anos, Kengsinton Road. Filha de Paul Wilson Wells e de Margaret Woolf. Irmã de John e Emily. Batizada, crismada, devota. Essa sou eu. Susane Wells, repetia de novo. Quando alguém me viesse resgatar devia sinalizar com o braço e identificar-me. Uma mulher com nome, pai, mãe e paróquia é uma mulher respeitável, mesmo que perdida numa praia deserta.
Susane Wells, vinte e dois anos, Kengsinton Road. O espartilho afogava-me como nem o mar fizera, e eu era Susana Wells. Meu Deus, tende misericórdia de nós! A voz do capitão tomava tudo, a cada vez que a ouvia estalar-me nos ossos moídos, na pele ardida, nos olhos secos, me parecia mais difícil lembrar-me de mim. Ah capitão, se você soubesse como tudo isto é culpa minha! A ira divina caindo sobre a filha desobediente. Que tolice julgar que as acções de um recaem apenas nele. Uma tolice de menina burra, mimada e burra, eu, Susane Wells. Não era toda a história da humanidade um desastre advindo da desobediência de dois imberbes? Era. Toda a gente sabia. Talvez nem toda a gente percebesse isso, como eu percebia agora. A voz do capitão voltava. Voltava. Talvez mais alguém tivesse chegado até ali, estava a perder tempo.
to be continued
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