Você é borderline!
Santinho!
Não, você é borderline.
Ah. Que é isso?
Que perdeu alguém precioso na sua infância.
Ah. Você não?
Eu não sou borderline.
Quem disse?
Foi para casa. A pessoa dizia que era borderline, que tinha lido e googleado e até estudado com o filho. O filho tinha estudado ainda mais, porque era médico psiquiatra. Via muitos borderlines. A pessoa estudara com o filho. Para o acompanhar. Café, torrada e ouvido para recitares de dsm. E tinha google. Reconhecia facilmente um borderline.
Pensou naquilo. Passava na passadeira. Cruzava só no verde. Não usava via verde porque lhe dava nervos o passa-a-cem, passa-a-sessenta. Ia pouco à praia porque a areia perto da água lhe machucava os pés. Tinha razão a pessoa. Ele era borderline porque não cruzava linhas de animo leve.
Voltou.
Tem razão. Sou borderline.
Pois tenho, sei que tenho. Você é louco.
Devo ser.
Pois, é.
Voltou para casa. Pensou naquilo. Não se sentia louco. Mas também não se sentira borderline. Tinha o termómetro avariado. O que podia fazer com a sua borderlinice?
Olhou pela janela. Uma velhinha empurrava um carrinho de compra, perdera a roda e agora olhava o carro e não sabia como ia dali até ao mercado ou até sua casa. Uma roda, as vezes, é muita coisa.
Desceu.
Precisa de ajuda?
Preciso filhinho.
Devo só avisar, que sou borderline.
Não falo inglês querido.
Então não há problema.
Levantou o carro, que estava vazio. A loja das bicicletas, era já ali, eles saberiam que fazer.
A velhota que não falava inglês, e o homem borderline entraram na bicicletaria.
Sou borderline, esta senhora não fala inglês. Pode ajudar-nos com esta roda?
Eu sou bi-polar, posso.
O que é ser bipolar? Ele perguntou.
Se calhar tem duas mamas, disse a velhota.
Que maravilha Raquelita…..pq demorei tanto a te encontrar?
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