Na ponta do pêssego uma mancha.
A pele rugosa, como fato de treino, pele de pêssego diziamos. Mas não sei se é o nome oficial.
O pêssego arrepanha-me. Os pelos. Pêlos, diziamos antes, quando esses fatos de treino estavam na moda. Reebok. O adidas. Agora é tudo nike e algodão. Não me arrepanha os pêlos. Talvez a sensação, esse eriçar, venha do acento.
Pêssego!
Pêssego.
Escreve-se assim?
Três também leva, e não arrepanha.
Depois só unhas em quadros de giz. E a farinha seca, muito seca.
Mas enfim, uma mancha. Seria uma mosquita? Um mosquito? Uma formiga?
Dizem que aqui viveu um embaixador, ou um consul, cônsul, com acento, e que na mala trouxe as formigas. Todos temos, aqui no prédio, magras, castanhas, não gostam de açúcar. Vivem em caixas de papel, não havendo caixas, basta sacos de papel, mas grossos, nada desses fininhos reciclados onde se guarda a fruta. Fazem o ninho.
Há venenos, pegam na bolinha do veneno, levam para o ninho e acabou-se a vida de cartolina. Dá-me pena. Dizimar.
Talvez me tenha habituado, a esta companhia silenciosa, ordenada e previsível. Sensatas não fazem ninho nos livros, nos cadernos. Há respeito.
Talvez quando as veja pense nesse embaixador, nesse cônsul, e esse exotismo me dê pele de pêssego.
Ou então é so preguiça.
Prêguiça.