De costas para o mar

Pai de peixe sabe nadar…hoje li este texto lindo que o meu pai escreveu, pedi para o colocar aqui, onde sendo lido, exista mais além do olhar.

“Numa qualquer mesa de uma qualquer esplanada de uma qualquer cidade á beira-mar num qualquer destes dias.Um copo com um sumo de laranjas algarvias.Para não beber.Apenas para o olhar se perder.

E há um pedaço de sangue transparente ,como um gel de firmeza para o peito,que se desloca virtual na frente das pessoas,invisível e suspeito.

È onde me sento de costas para o mar.È onde lhe sinto o cheiro,o perfume ,o chamar,como um rio prestes a desaguar.

As mãos são de areia,como os passos,como as vozes que passam de lado ao lado de um copo de laranjas algarvias,cujo sumo, invisível e transparente como o olhar que se perde a caminho do mar,persiste ,resiste e aquece, tanto quanto o olhar que se perde transparente arrefece.

E as palavras  invisíveis,duras e transparentes por dizer,ao passar,fazem doer as pedras do chão como se tivessem sido ditas pela mão e não pelo mar.Como um frio gel de firmeza para o não.Não a caminho do rio a caminho do mar.Por sobre as pedras do chão a caminho do mar.

È onde me sento de costas para o cheiro,de frente para um copo de sumo de laranjas algarvias.Para não beber.Para não esquecer,para não deixar o olhar se não perder.

Numa qualquer esplanada…..um qualquer pedaço de sangue transparente deixando de ser pessoa,invisível e suspeito..perdendo-se pelo caminho do olhar..porque só de olhar fora feito.”

Manuel Faria Pais

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